Eu combinei com o Lemay de sairmos pra dançar: queria curtir uma salsa numa balada local, nada de shows pra turistas ou em hotéis. Eu tinha sido convidada por um garçon do Sotano, em Habana Vieja mesmo, que me abordou na rua, muito simpático. Lemay verificou suas fontes e concluiu que o lugar não tinha boa fama então fomos sem rumo pra Vedado. Chegamos cedo então sentamos num restaurante próximo pra comer algo. Eu pedi um prato com camarão, delicioso. Na hora de pagar a conta, foi engraçado, pois os refrigerantes eram em CUC e a comida em peso cubano! Isso realmente me soa como anomalia, mas é a realidade...
Na porta do Club bebemos duas cervejas nacionais antes de entrar: como fomos os primeiros a chegar, tivemos preferência e cortamos a fila que se formava. Lá dentro, clima de boite: luzes, strubo, um telão na parede do fundo e muita gente que se aglomerava. Sentamos. Depois dos primeiros 10 minutos os casais se arriscavam dançar a música latina e romântica que tocava. E o ritmo está mesmo no sangue daquelas pessoas! Todos aos meus olhos pareciam dançarinos profissionais e confesso que me acanhei. De repente um animador saca o microfone e incita as pessoas (já um tanto quanto alteradas pelo álcool) a cantarem. O homem de meia idade tinha voz de radialista de estação AM, negro e forte, usava um terno branco e anéis enormes, parecendo um malandro carioca (os esteriótipos, sempre eles..hehe..). A sessão de karaokê foi divertida e pela observação das letras, comentei com Lemay, que me explicou: músicos de Porto Rico são sucesso em Cuba e o tom romântico é mesmo o principal apelo das músicas. Afinal, existe coisa mais pop do que cantar o amor? Tinha um grupo que comemorava o aniversário de uma amiga, então em determinado momento o animador puxou uma cantada de feliz "cumpleaños" pra ela. Depois de mais algumas cervejas, dancei com Lemay. Saimos de lá e a volta foi uma epopéia. De Vedado até Habana Vieja é longe, então fomos até o ponto de ônibus. Na caminhada eu vi uma dupla de emos e me empolguei com meu companheiro de balada: "Existe emo em Cuba!" Era mais de 2 da manhã e havia muita gente na rua: grupos de jovens com violão, meninas lindas de salto alto e maquiagem, roqueiros tatuados e vestindo preto. Adoro gente na rua de madrugada. Em Berlin, no verão, há erventos noturnos, como a noitada em que os museus ficam abertos. Em Maringá pouca gente sai à pé, mas eu tenho feito isso com o Mário e tem sido bem legal. Bem, voltando à Habana, esperamos muito no ponto de ônibus. Lemay tentava chamar um taxi coletivo, mas eles já estavam cheios. Por fim, o ônibus passou e a diversão continuou: fomos correndo até o ponto, que ficava na rua transversal. Para minha surpresa, a noitada continuou no ônibus, pois tinha música no veículo e tudo era motivo de animação...