Foram 13 dias em La Habana, vividos entre o primeiro e o segundo turno das eleições brasileiras de 2010. Estar em Cuba foi a realização de um sonho e pretendo dividir minhas impressões neste blog!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Casa Blanca de Cuba

Da orla em Habana Vieja se vê o Cristo e a cúpula do centro de metereologia no alto da montanha, do outro lado do mar. Trata-se de Casa Blanca, outra municipalidade, próxima a entrada do porto de Habana, fica do outro lado da baía. A princípio eu não tinha intenção de visitar o lugar, mas Lemay foi muito solícito quando me convidou para um passeio até lá, irrecusável. Era sábado de manhã e o terminal de barcas ficava próximo do lugar onde eu estava hospedada. Fomos caminhando. Antes da chegada do barco, numa construção próxima dali, um grupo musical gravava um clip e a parafernália toda da produção chamava a atenção dos que aguardavam. Na entrada, alguns policiais verificavam as bolsas e mochilas das pessoas e também passavam um detector manual de metais. Uma policial, muito solícita e simpática me revistou; achei estranho, mas não questionei. Entramos no barco e a viagem durou menos de 10 minutos. As pessoas ficavam em pé, pois havia apenas 3 assentos. Alguns levavam bicicletas, outros malas. Lemay pagou minha passagem de 1 peso cubano. Já do outro lado da baía, cruzamos uma linha férrea e subimos Casa Blanca a pé: caminhada cansativa, mas a novidade da paisagem me animava. Vi uma banquinha de venda de frutas numa praça onde tinha uma árvore enorme, certamente centenária (foto). Fomos ao Cristo e de lá avistamos Habana Vieja, o Capitólio, o forte e parte do Malecón. Entramos no museu Casa de Che, onde estão os restos mortais do guerrilheiro mais famoso da Revolução Cubana. Há fotos e adereços pessoais dele. Como Ernesto era homem bonito e pra lá de charmoso! Vi fotos bastante sedutoras, mas isso eu não confidenciei à Lemay: pensei que seria afetado demais (suspirei às escondidas..hehe..). Estão lá as inseparáveis cuia e bomba de chimarrão, a mobília e a cama onde Che caiu enfermo logo depois da tomada de Habana. Uma foto enorme pendurada em cima da cabeceira da cama, mostra Fidel em visita ao amigo asmático. O passaporte falso feito quando seguiu para a Bolívia às vésperas da sua morte, mostra um homem sob disfarce perfeito. Há uma sala para conferências e pinturas feitas a partir da famosa foto de Alberto Korda, que tornou-se um ícone da cultura pop. Eu me lembro de ter visto camisetas com essa famosa imagem de Guevara à venda em quiosques de Veneza, Caracas e Barcelona!
Por fim passamos em frente ao centro metereológico, com a famosa frase de Fidel proferida em 1963, por conta do ciclone Flora: "Uma revolução é uma força mais poderosa que a natureza". O prédio faz parte do Estado Maior, super protegido e tem uma cúpula imensa que pode ser vista de longe (como mostra uma das fotos tiradas de Habana Vieja). A importância do centro é incontestável, já que a previsão no caso de ciclones requer alta teconologia e é responsabilidade do governo, que preza muito por isso.
Descemos passando pela igrejinha amarela que desejei conhecer desde a travessia, na ida: lindinha, clássica. Estava fechada, mas Lemay entrou pelos fundos e convenceu o sacristão a nos deixar entrar. Ele almoçava, comendo numa marmitex, não se constrangeu e nem fez sala, apenas nos deixou entrar. Antes de embarcar sentamos num restaurante, pedimos 2 pratos feitos com pescada e duas Maltas, espécie de refrigerante feito de cevada e malte. Lá eu descobri o quanto esses ingredientes me fazem mal... depois disso só bebia Tukola ou limonada. No pátio florido do restaurante havia um chafariz em homenagem à Iemanjá: tudo branco e azul claro, lindo. 
Antes de embarcarmos de volta, eu perguntei sobre o excesso de segurança na nossa ida. Lemay lembrou do causo de alguns anos atrás, quando cubanos desejosos em deixarem a Ilha sequestraram um daqueles barcos que iam a Casa Blanca, com o intuito de desembarcarem em Miami. Foram capturados, julgados e condenados à morte. Eu me lembro que esse episódio foi motivo da quebra do apoio de José Saramago ao regime cubano. Houve defesas e condenações na época. Do ponto de vista do regime, as pessoas inocentes que estavam dentro do barco, inclusive turistas, correram risco de vida, já que houve alguma violência. Com esse argumento, os desejosos dissidentes foram condenados à morte pela justiça cubana. Daí o controle rígido no nosso embarque. No que tange às leis de cada país, há pena de morte também em alguns estados norte-americanos...






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