Foram 13 dias em La Habana, vividos entre o primeiro e o segundo turno das eleições brasileiras de 2010. Estar em Cuba foi a realização de um sonho e pretendo dividir minhas impressões neste blog!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Refletindo sobre o consumo

Toda vez que visito a casa de um amigo, fico incomodada com os móveis, brinquedos de criança e tralhas afins depositadas no fundo da casa. Quando as pessoas me perguntam como foi minha viagem à Habana, eu não consigo encontrar uma resposta imediata ou minha percepção numa frase só. Eu digo que ainda estou "digerindo" essa experiência  Então, é no meu dia a dia que acabo refletindo a respeito. Da mesma forma que essa reflexão ultrapassa a temática cubana, quando perceber o Brasil, as coisas que tenho vivido na minha cidade natal, Maringá, vira um exercício inevitável. Eu li que o Brasil é um dos países que mais desperdiça no mundo. De fato, administrar geladeira não é tarefa fácil para quem não aceita jogar alimento fora, como eu. Sempre tive esse cuidado e mesmo assim, de vez em quando vacilo. Então, depois de perceber a pouca variedade alimentícia dos cubanos, de perceber a carestia enfrentada por eles, quando me deparo com bens de consumo duráveis jogados nos cantos, abandonados, desperdiçados, eu me incomodo. Como tem sido ao visitar meu amigo no Jardim Tabaetê. Cadeiras, material de desenho, uma fruteira, estantes, enfim, objetos que não cumprem sua função de destino, mas que viraram entulho e apodrecem nos cantos. Notei que isso me perturba infinitamente e mesmo estimulando o dono da casa, meu lamento é vão. Nesse ponto tenho idéia bastante singular. Infleizmente o consumo é a alma do mercado e sem ele o sistema não funciona. Porém, estou convencida de que o sistema cria uma idéia de consumo exagerada, equivocada e maléfica. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, como dizia meu pai. Nada disso é novo, mas eu vejo a aplicação dessa lógica de forma explícita depois da minha passagem por Cuba. Esse vídeo é bastante claro. É possível viver com pouco e geralmente muitos que estão submersos no nosso sistema percebem isso depois de fazer o caminho de Compostela ou de conhecer centros de meditação como o  Brahma Cumaris.
Falta de excesso, não é pobreza. 
Lembro agora da minha felicidade ao conhecer o Mauer Park em Berlin, onde pessoas comuns juntam objetos pessoais inutilizados e vendem: um super programa de domingo. A variedade de objetos é incrível e o passeio acaba sendo divertimento. Segunda mão é minha palavra de ordem. Sempre gostei de brechós, de ganhar roupas e sapatos usados das amigas e de ser presenteada com objetos "second hand". A feira de sábado da Benedito Calixto em São Paulo também é um super programa pra mim.
Enfim, reflito mais ainda sobre isso depois de ter estado em Cuba, onde há carência desse exercício exacerbado de consumo. Enquanto isso no Brasil, o mês de novembro teve recorde de inadinplência. E o motivo? Consumismo desenfreado...

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