Foram 13 dias em La Habana, vividos entre o primeiro e o segundo turno das eleições brasileiras de 2010. Estar em Cuba foi a realização de um sonho e pretendo dividir minhas impressões neste blog!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sobre controle e violência

Apesar de receber constantemente o aviso de que eu deveria tomar cuidado com a bolsa quando saísse na rua, não tive sequer uma situação constrangedora ou de perigo. Em Cuba não há assalto à mão armada, sequestro ou situações de extrema violência. Entretando, o policiamento é constante e efetivo, inclusive de madrugada. Homens e mulheres uniformizados e desarmados fazem o papel similar à guarda civil no Brasil. Eu vi duas situações que me chamaram a atenção. Na primeira, duas jovens mulheres foram paradas por uma mulher policial que solicitou seus documentos, educadamente. Seus dados foram transmitidos através de um rádio e então elas foram liberadas. Enquanto tudo acontecia, as moças conversavam normalmente e pareciam muito calmas diante da "batida policial". Numa outra cena, vi que um casal, ela loira e nitidamente turista, e ele cubano, foram abordados pelos guardas. Depois de verificados os documentos do homem, o casal foi liberado cordialmente.
Eu andava e conversava com um cubano, quando do nada ele me disse preocupado, que se um guarda me questionasse, eu deveria dizer que estávamos apenas conversando, o que era um fato. Eu tinha ouvido no Brasil de que era proibido aos cubanos conversarem com turistas. Na verdade não é bem assim. Penso que a aproximação com os turistas pode ser uma forma de encontrar algum benefício. Explico: logo na segunda vez que fui ao restaurante de preço razoável, quando fui pagar a conta, a garçonete se aproximou e quase sussurrando perguntou se eu não tinha algum 'regalito', como uma roupa ou 'caramelo'. Eu achei estranha a abordagem e como levei duas caixas de chocolate na mala, eu andava sempre com alguns na bolsa. Eu lhe presenteei com dois chocolates. Certamente muitos cubanos se aproximam dos turistas com más intenções. Eu já disse aqui no blog que a grande arma dos cubanos gineteiros é o gogó, a lábia.
Numa ocasião fui jantar com dois rapazes e um deles era natural de outra província, Oriente. Por viver em Habana ele era obrigado a portar dois documentos: uma identidade que além dos dados gerais, como local e data de nascimento, nomes dos pais e foto, ainda tinha informações como altura, cor da pele, do cabelo e dos olhos. Porém, para viver em Habana, ele era obrigado a levar consigo uma autorização de permanência fora da sua provínvia, Oriente. E ainda, esse documento tinha data de validade, e caso ele decida continuar morando em Habana após a expiração do prazo, ele deverá apresentar-se aos órgãos competentes e tirar outra autorizacão. Caso contrário, se um guarda civil solicitar seus documentos e esses não estiverem em ordem, ele será levado para explicar sua situação irregular.
Essas são cenas comuns em Habana. Se não há violência, por outro lado há controle e verificação constante da conduta dos seus cidadãos. Então eu me questiono: tem como ser diferente? São formas de controle que refletem diretamente no índice de violência da república cubana, mas também de qualquer lugar do mundo...  

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