Foram 13 dias em La Habana, vividos entre o primeiro e o segundo turno das eleições brasileiras de 2010. Estar em Cuba foi a realização de um sonho e pretendo dividir minhas impressões neste blog!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A moda na Ilha de Cuba

Depois que vi o filme Buena Vista Social Club há alguns anos atrás, criei um certo preconceito ou esteriótipo sobre a vestimenta cubana: tendência estacionada nos anos 1960. Porém, durante os 13 dias na Ilha, percebi o quanto eu estava equivocada. Entre os jovens principalmente, ostenta-se camisetas estampadas com marcas famosas, como Douce & Gabana, Lacoste, Nice, Puma, Playboy, além do uso de piercings e tatuagens. Os cubanos são saudáveis, coloridos e vaidosos. Conheci rapazes que cantavam rap que tiravam sombracelhas e um deles tinha placas de ouro nos 6 dentes da frente; ele me disse que era moda. Outros usavam correntes douradas e cintos com a fivela em forma de um cifrão enorme, cravejado de strass: nada mais capitalista. Vi garotas com unhas enormes, pintadas e decoradas, como as que vi na Alemanha. 
Depois de um passeio pela cidade, quando eu voltava pra pensão, passei numa rua de onde se ouvia uma música alta. Parei, olhei pra cima e avistei um grupo de moços sentados na laje. Quando um deles olhou pra baixo, na minha direção, eu sorri e gesticulei, como quem desejava subir ali. Um deles, Frank, apontou a escadaria me convidando. Eu passei pelo interior de uma casa, depois de subir dois lances de escadas. Era um ensaio de rapers, numa mistura de tambores e música eletrônica. Uma das garotas usava um microshorts e rebolava como funkeira carioca. Foi lá que conheci o rapaz com os dentes dourados. Uma menina de seus 3 aninhos, usava uma jardineira com a estampa da Minie, a ratinha da Disney! A mãe incentivava a garotinha a dançar. Eu observava tudo sorrindo e procurava acompanhar os passos de um rap salsado ou seria de uma salsa raper? 
Nas ruas, observei a diversidade e a quantidade de uniformes do funcionalismo, considerando que mais de 90% dos empregos são públicos. Numa tarde botei na cabeça que tiraria fotos dos uniformizados que eu encontrasse nas ruas. E foram muitos. Muitas mulheres reponsáveis pela segurança de museus e galerias, usavam meia calça rastão, o que parece ser moda entre as cubanas. Flores de plástico coloridas no cabelo é coisa comum. No caminho de volta da praia do leste, impressionei-me com o motorista do ônibus cubano: rapaz sarado, vestindo camisa branca bem justa, tinha o cabelo curtinho arrepiado com gel e pequenas mechas descoloridas. Ele portava um óculos de sol com armação branca D&G e tinha as unhas do dedo mindinho compridas. E dirigia estiloso, lindo...
Em mais de uma ocasião, passei por uma espécie de centro cultural onde meninas de 12 ou 13 anos desfilavam roupas artesanais. Aliás, vi banquinhas de roupas de crochê nas calçadas, vendidas por jovens senhoras que crochetavam ali mesmo, sentadas.
De fato, eu me surpreendi com a inserção dos cubanos ao universo fashion, já que tinha criado uma ideia prévia: de que eles eram demodês... Mas quem disse que no socialismo não há vaidade e ostentação?
















Um comentário:

  1. Uauuuu... esse post me surpreendeu! Também tinha a mesma visão sobre a moda cubana, acreditara ser demodê e bastante uniforme!!!
    Adoro seus textos!!! Aproveito para lhe desejar um lindo 2011, que ele lhe traga bons momentos para que sejam revertidos em bons textos virtuais!!!!

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