Foram 13 dias em La Habana, vividos entre o primeiro e o segundo turno das eleições brasileiras de 2010. Estar em Cuba foi a realização de um sonho e pretendo dividir minhas impressões neste blog!

sábado, 4 de dezembro de 2010

O Canhonaço das 9

Era noite de 12 de outubro de 2010, um marco na minha viagem. O evento acontece todos os dias no forte de Habana. Apesar de ser uma atração turística, os cubanos também frequentam e sentem bastante orgulho do Canhonaço. Não raro quando conhecia alguém, logo se perguntava se eu já havia visto o Canhonaço. O complexo é bem grande, com um museu arqueológico, das armas e a sala de comandância, onde Che Guevara despachou logo que os revolucionários chegaram em Habana. Sem contar que o forte em si já é uma atração. Desde o café da manhã eu havia combinado com os dois colegas dinamarqueses da pensão de irmos juntos pra lá, de táxi. Pouco depois das 8 da noite, nos encontramos na  sala e seguimos juntos. No caminho, a avenida foi rebaixada e um longo trecho é subterrâneo, passando por baixo do mar. Já do outro lado chegamos no enorme forte, típico da colonização ibérica: suntuoso cumpridor dos seus deveres de proteção. Conhecemos as atrações anexas e 20 minutos antes das 21 hrs deu início a atração. Cerca de 50 jovens vestidos como soldados do século XIX desfilam com armas e ao som das típicas batidas militares, com tambores e trompetes. Trata-se de uma encenação diária que rememora a guerra da Independência, declarada em 10 de outubro de 1898. Como o espaço é grande, o público se locomove e caminha entre os soldadinhos e como bons turistas que são, tiram fotos e fazem filmes alucinadamente. Eu cheguei a me perder de Johan e Jens durante a encenação. Os soldados sobem numa parte mais elevada do terreno e encenam a explosão de um canhão. O barulho assusta, crianças choram...  seguem as palmas do público. A marcha militar retorna pelo mesmo caminho e a atração se finda. O evento é repetido diariamente, rememorando a história da independência cubana. Em Roma, cotidianamente também, mas ao meio dia, um canhonaço acontece na praça Garibaldi, um modo de rememorar a luta pela unificação italiana. São rituais cívicos, datas comemorativas que incentivam a minha reflexão. Quando eu planejava minha viagem à Cuba, estabeleci que passaria o 12 de outubro por lá, data em que Colombo desembarcou na América. Eu não sei desde quando essa data brasileira tornou-se feriado católico em prol de uma santa, ou melhor, de uma imagem de pau encontrada num rio paulista em 1710 (?); nem de quando foi estabelecida a data comercial de "Dia das crianças", mas tenho cá pra mim que isso não foi à toa. A distância existente entre o Brasil e os países latino-americanos é larga e evidente. Então penso que os significados do 12 de outubro em datas tão disparatadas tenha funcionado como ponto de dispersão para identidades similares. Na verdade eu nunca engoli esse disparate. No Brasil a data serve para rezar e comprar.
Nessa música do Orishas, há referência ao evento: http://www.youtube.com/watch?v=L2eV20UhkQk
Seguem algumas fotos da parada militar diária de Habana:



Um comentário:

  1. Também estive lá, co minha família. Ficamos deslumbrados e aproveitamos para contemplarmos o pôr-do-sol e vimos também que os cubanos ssão corteses quando por ocasião da encenação, devido a grande aglomeração humana, chehavam a nos ceder lugar para que tívéssemos uma melhor visão da encenação.

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